Finalística, causalística e programática - “Nosso Programa”, Vilém Flusser
O filósofo Vilém Flusser, em seu texto “Nosso Programa” introdutoriamente apresenta os conceitos de finalística e causalística como insustentáveis para a atualidade. O ideia de finalística tem origem nas tradições míticas herdadas pela humanidade, pautadas principalmente em princípios como destino, propósito ou meta. Já a causalística é uma noção proveniente das ciências da natureza, baseadas em cadeias de causa e efeito que permeiam a existência humana. Flusser instiga o leitor a repensar essas noções, apontadas por ele como ingênuas, e indica a necessidade de observar a existência humana com um olhar programático.
As imagens finalísticas são limitantes, uma vez que apresentam um fim pré-determinado, não abrem espaço para a liberdade. Isso acontece também com a causalística, de uma forma diferente, já que as ideias de determinismo e caos excluem a possibilidade de liberdade. Imagens causalísticas abrangem espaço para a liberdade apenas em seu aspecto subjetivo, pela imprevisibilidade dos efeitos e a complexidade das causas. A programática abre espaço para a liberdade na medida que é se guia pelo acaso.
Em todos os aspectos, a existência humana é cercada por programas: sistemas em que o acaso vira necessidade. O acaso é mal interpretado nas imagens finalística e causalísticas, uma vez que se tratam de propósitos não descobertos e causas ainda desconhecidas, respectivamente. O acaso é o elemento inovador que supera a ingenuidade. A liberdade, segundo Flusser, só é possível se aceitarmos o jogo com o acaso e o absurdo.
Comentários
Postar um comentário